quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pequeno monólogo da dor

I
Como tanger o intangível;
Querer aquilo que nos é mais longínquo;
Adorar o extamente inxorável;
Dizer de si aquilo que se diz dos outros;
Preservar na realidade do surreal;
Acreditar que tudo que se tem é o extao do não quere;
Ver em outro o reflexo exato da fraqueza;
Como ainda que certo duvidar do mecanicismo;
Achar que não é fluxo de sangue grosso e mal caminhado;
Levar em conta que tudo que se tem é o que se pode querer;
Indagar tantas vezes quanto possivel uma certeza tão certa;
Não duvidar que a dúvida que é minha, é tua;
E titubear em torno de um momento que não existe;
E ver em teus olhos que já não sei o que é;
E mesmo se o for, por que não pode ser pra mim;
Se minhas dúvidas se tornarem verdadeiras;
E tu com um único golpe me disser aquilo que não quero ouvir;
Terei eu paz, ou terei eu apenas o que é de todos?

II

Como tanger o intangível,
Se tuas mãos tocarem as minhas;
E nisso tudo for apenas momento;
por sorte minha ou falta dela;
Tu me deixares beijar-te;
Então tudo se tornará próximo;
E ver agora em mim aquilo que sempre busquei em ti;
Se agora eu mais uma vez vir que tenho tudo que quero;
Se não tiver mais dúvidas e apenas certezas;
Refletir de modo simplório o que é mais teu que meu;
Se o racionalismo tornar-se um mero gosto em teu corpo;
E como tudo for apenas mais um pensamento;
Meu mecanicismo deixaria de ser mecânico;
Seria eu então obra de um consumismo exagerado;
Formado por um quere violento de sangue grosso;
E meu cérebro apenas visse o meu pensamento;
Voltar para o teu caminho;
Gosto; Aconchego; Delírio;
E deposi de tudo eu mais vez voltasse ao que é meu;
Nem tu nem teu, mas meu como tudo no início;
E como última visão teu rosto límpido e claro;
Tuas mãos suaves e dlicadas como um pequeno corpo nascido;
Crescendo em mim um monte de ti;
O que posso fazer agora?

III
Como tanger o intangível;
E vejo agora que apenas desconstrui;
Tudo aquilo que nunca na verdade fui eu;
Ou mesmo meu ou tu ou nós;
E meu mecanicismo se inverter;
E verter de mim um riu, um lago, mar;
E fazer represa dói mais;
E a água passa com mais força;
E meu cérebro agora agoniza
jaz em mim um túmulo de destroços mal empilhados;
Encobrindo um monte de nada e tudo;
Resgatando o passado mais obtuso e negro;
Tu parada como se nada fosse e tudo apenas um grande silêncio
um grande eco de um som vazio de gritos que jamais saíram de mim;
Esquecerei dos pontos, das vírgulas, dos pensadores, dos pensamentos;
Gritarei no mais profundo silêncio teu nome
e direi a todos que tua ingratidão não é nada;
Pois o que dói mesmo não é teres o desgosto do não eu
nem mesmo o mar, surreal, mecanicismo, tangívle;
São as flores;
E a mim, é chorar, chorar, chorar...


Escrevi este texto, quando me permito escrever o que quer que seja, pensando em uma determinada pessoa, acredito até que na verdade não foi pensando na pessoa, mas em como seria a dor de te-la perdido, ou melhor ainda, observando essa dor. Não posso dizer que sei exatamente como seria perde-la, mas sei como posso imaginar tudo que ainda não construi ao lado desta, e que por ventura nem sei se teria sentido ser construído. O fato é que te-la não quer exatamente dizer que tenho, ou seja, sei aquilo que ela me permite saber, mas não posso dizer dos sentimentos alheios, sei que me castigo por um dia ter feito ela partir e/ou retornar, mas hoje mais que na época que escrevi sei que é complicado entender aquilo que nem mesmo sei explicar.
Algumas coisas são extamente como acontecem, mas e todas as outras que só posso imaginar? São essas que irão me martirizar e também serão essas que farão tudo acabar, tanto por mim quanto por ela. Não acredito que saberia conviver com isso, com a perda, mas também sei que não morrerei pelo mesmo motivo, o mais confuso acho que é saber-me amando e não saber-me amado.

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